Ver você morrendo
Arfando
e buscando o oxigênio
Sentir a impotência nos ossos,
na carne e na alma.
Nada posso fazer.
Senão rezar.
Senão me comiserar
Senão procurar o socorro
e tratamento para o
inevitável.
Esse pré-velório
de corpo presente e
ainda vivo
A sua retina que me vê.
me reconhece
e a lágrima seca que
não ousa externar-se
A palavra crua em sua boca
A deglutição ausente
Os lábios ressecados
E o sódio subindo.
E os rins não funcionando.
Você urinado pouco
Tentando reter um pouco de tudo
ou de tudo, apenas um pouco.
Havendo paradoxos indecifráveis
E obviedades complexas.
A linha tênue do pensamento
o passamento
do abstrato para o concreto
do concreto para o vento
do vento para a tempestade
e lá moram mil lágrimas,
dores líquidas,
mágoas sólidas.
Imagens em flashes
Lembranças em raios
Riscos e rabiscos
desatando os nós
Lá em baixo
o cais
as partidas infinitas
o oceano infinito
um verbo
um adjetivo
A morte é o fim de todos
os adjetivos.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 24/12/2018