Pessoas normais se apaixonam por outras pessoas, por si mesmas, por animais, plantas ou até um lugar. Já o escritor se apaixona por palavras, fonemas, semânticas, expressões idiomáticas. Nada lhe parece comum. E, tem dias que as palavras soam como mantras, a decifrar a alma e despertar consciências... Na prece mental intuída, certa vez, escutara a palavra "sinapse" que é pequena descarga elétricas entre os neurônios (células do cérebro humano) que transmite impulsos nervosos e se traduzem em pensamento, aprendizagem e comportamento.
A palavra é oriunda de synapsis que signifia ação de juntar, ligação ou união. No fundo, o autor quer unir a todos, leitores, ouvintes e transeuntes em torno da mensagem e dos valores que navegam secretamente no imenso oceano de significados e significantes. O maior dilema é saber se deve contar tudo, ou relatar um resumo, se deve ser minucioso e atencioso, ou sintético e objetivo. E, mais, se deve ser didático ou erudito. Mas, todo autor teme não ser entendido. E, pior, ser mal compreendido. Teme ser censurado e banido. Por ser grosseiro ou apenas inconveniente. Mas, eu apenas temo perder afetos. Os poucos afetos que construi e mantenho. O afeto de contaminar seus olhos com sentimentos e sensações. E, fazer elevá-los exponencialmente, até que se sinta infinito e sagrado. O ser humano é o valor supremo de toda a vida. Por isso, preservar-lhe a dignidade se mostra tão crucial e imperativo.