Em 10 de dezembro, a Declaração Universal de Direitos Humanos torna-se septuagenária, e com sua maturidade forjada pela consciência humana, traçou a força-matriz, de que o direito a proteção da dignidade da pessoa
humana representa a maior conquista jurídica e social, que surgira justamente em reação às bizarras atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial.
Durante todo esse tempo, a nossa "velhinha" fora complementada, emendada e aperfeiçoada por diversos outros documentos em sucessivos processos de internacionalização de direitos humanos. Apesar disso, presenciamos a exacerbação da violência do Estado, com a adoção de políticas que, ao invés de combater, reproduzem, e ainda, potencializam as desigualdades humanas.
Tudo nos faz recordar a grave advertência feita por Norberto Bobbio em discurso feito em homenagem ao vigésimo aniversário da Declaração Universal do Homem: "O problema grave de nosso tempo, com relação aos direitos do homem, não é mais o de fundamentá-los, mas sim o de protegê-los". (...).
Afinal não se cogita em saber quais e quantos são esses direitos, qual é sua natureza e fundamento, se são direitos naturais ou históricos, absolutos ou relativos, mas sim, em buscar o modo mais seguro de garanti=los, para impedir que, apesar das solenes declarações, eles sejam cotidianamente violados.
O maior desafio, neste momento, não é somene defender os direitos humanos em razão dos ataques que vêm recebendo em todo mundo, mas convencer os interlocutores, particularmente aqueles que deconfiam dos direitos humanos, de forma que possam enxergar que dificilmente encontraremos paz e prosperidade, se não estivermos dispostos a tratar todas as pessoas, sem exceção, como autênticos sujeitos de direitos.
Precisamos reconhecer que a política contemporânea está eivada de violência e as tendências genocidas são irrefutáveis, por isso, a importância de se ter a fé em reistir. Defender o debate e só assim impedir que a barbárie vença e domine o território humano (do ser e do ter).