Meus velhos olhos enxergam
coisas inéditas.
Meu velho corpo
reconhece almas ímpares.
Há diferenças imensas,
reprodutivas e cifradas.
Há igualdades submersas,
invisíveis e indecifradas.
Preciso da enciclopédia do espírito.
Preciso dedilhar toda a escala musical.
Preciso pintar a oleo, aquele sol se pondo.
Sangrando e tornando as nuvens liláses.
Como buquê de despedida.
O que será de nossos velhos sentidos?
Quando, no fundo, sabemos que não há sentido algum.
Nunca existiu outro sentido.
Que não aquele que construímos.
Não há sentido na sombra.
Na árvore ou nos frutos.
A primavera intrínseca.
No verão desértico.
Que não se colore, que não
exige ser notável.
A beleza acontece por simples acaso.
É humano irremediavelmente humano.
Paradoxos se controvertem
e rolam no chão da sala.
Como dados na mesa de jogo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 02/12/2018
Alterado em 06/12/2018