O "bárbaro" é termo usado para indicar pessoa reconhecida como não-civilizada. O vocábulo também designa membro de determinada nação ou grupo étnico e, em geral, uma sociedade tribal, encarada por integrantes
de uma civilização que se considera superior. De forma idiomática o termo igualmente pode ser atinente a uma pessoa que se revela ser brutal, cruel, belicosa e inumana.
A palavra descende do grego, e os gregos antigos possuíam uma especial expressão que significava literalmente "quem não é grego é um bárbaro". Durante a Antiguidade Clássica, os gregos utilizavam a expressão para se referir aos povos do Império Aquemênida e, depois, passaram então a utilizá-la para se referir aos turcos, com
viés nitidamente pejorativo.
Para os gregos todos os estrangeiros eram bárbaros, porque não desfrutavam da língua materna, a língua grega. Inicialmente a palavra parecia ser uma alusão aos persas, cujo idioma cultural os gregos chamavam de bar-bar-bar. Aliás, os romanos também eram considerados como bárbaros pelos gregos.
Mais tarde, na égide e glória do Império Romano, a palavra passou a ser utilizada com a conotação de "não-romano" ou mesmo incivilizado. Enfim, o preconceito perante os povos que não compartilhavam os mesmos hábitos e costumes tornou-se natural dos habitantes dos grandes centros econômicos, sociais e culturais e, caracteriza-se pelo etnocentrismo.
Cada um dos povos considerados bárbaros, era bem distinto e tal designação incluia tantos os humos que eram de origem oriental, como também os povos germânicos, como godos, os celtas e até gauleses.
Foram os bárbaros de origem germânica que entre 409 a 711 que invadiram o Império Romano do Ocidente, o que propiciou a sua queda em 476 depois de Cristo. As referidas invasões ocorreram em duas direções principais. A primeira com a entrada dos bárbaros e a consequente assimilação cultural romana.
Quando os bárbaros contaram com certa receptividade, vindo mesmo a receber pequenas glebas de terras. Gradualmente, os costumes bárbaros foram mesclando-se com os constumes romanos. A segunda vertente fora ainda mais lenta, e não trouxe os mesmos benefícios de receber terras e, teve seu contigente majorado devido à proximidade das terras ocupadas com as fronteiras internas do Império Romano.
Convém salientar que o bárbaros foram responsáveis por algumas mudanças físicas e culturais incidentes na Grécia, e ainda, pelo fato de existir certas invasões concedidas, quando deu-se a realização de construções importantes e que muito colaboraram para a cultural local.
Os líderes dos godos, celtas, humos e vândalos eram excelentes estrategistas militares e, seus artesãos eram capazes de criar armas e tecnologias bélicas bem avançadas, desde de lâminas, arcos até mesmo armas de cerco.
Ressaltamos o machado de batalha que era manejado por guerreiros germânicos, eram pesados e capazes de destruir armaduras, escudos e capacetes com um único golpe.
Por outro lado, os francos tinham especial predileção por um machado leve também denominado de "francisca", o qual poderia se utilizado como arma para mutilar ou mesmo para ser arremessado tal como projétil e à queima roupa.
O machado foi uma dentre várias armas bárbaras a serem utilizadas na Idade Média, sendo particularmente popular entre a guarda varegue, um bando de mercenários vikings que atuava como guarda-costas dos impérios bizantinos
dos séculos X e XI.
Outra arma interessante e eficaz era a espada longa com dois gumes, considerada a principal arma dos gauleses, um conjunto de tribos celtas que viviam no território que hoje é atribuído a França, Bélgica e o Oeste da Alemanha.
Diferentemente do gládio, que era uma espada romana e mais curta usada principalmente para apunhalar, as espadas longas eram projetadas para cortar o inimigo em um movimento descendente semelhante a um golpe de machado.
Quando o chefe gaulês Breno invadiu a Itália, no século IV a.C., suas tropas utilizaram de forma notória seus sabres para perfurar escudos e derrotar o exército romano ao longo do rio Allia. Em seguida, realizaram um terrível saque na cidade de Roma.
Entre as indumentárias bélicas merece destaque a cota de malha, que teria sido criada na Europa por celtas gauleses no século III antes de cristo. E, tinham o formato de uma camisa de manga cura ou ainda de um colete feito de enredamento de pequenos anéis metálicos.
A trama dava flexibilidade e simultaneamente protegia o guerreiro de golpes cortantes por espadas e adagas, que apenas raspavam sua superfície exterior e dura.
Em verdade, a cota de malha era muito trabalhosa para fazer, e numa só armadura havia dezenas de milhares de anéis, por isso, era usada por famosos chefes bárbaros e aristocratas em vez de soldados de baixo escalão. Sua eficácia foi tamanha que até os romanos acabaram por adotar, usando camisas de malha similares e conhecidas como lorica hamata pelas legiões romanas.
O arco recurvo é originado dos hunos. No século V depois de Cristo, Átila, o Rei dos Humos, liderava os saqueadores das estepes e invadiram a partir do leste, traçando caminho sangrento e cruel por todo Império Romano.
Átila conhecido como "Flagelo de Deus" que chocava os ocidentais com sua cavalaria móvel e táticas de batida e fuga, mas eles contavam com uma arma nova, o arco recuvo que era feito madeira, nervos, chifre e ossos.
Diferentemente dos arcos ocidentais, era feito de forma que se curvasse em direção a si mesma nas extremidades, o que gerava uma rotação e fazia com que as flechas voassem com grande velocidade capaz de penetrar armaduras mesmo a noventa metros de distância. Era um tipo de arco menor que os tradicionais sendo mais portáteis para manejar mesmo quando montado num cavalo.
Os arqueiros hunos mesmo montados eram reconhecidamente considerados poderosos por sua habilidade em disparar seus arcos com precisão, mesmo quando galopavam celeremente. Toda a história da Europa contemporânea pode ser explicada pelas migrações bárbaras ou invasões bárbaras.
Estas migrações nem sempre implicaram violentos combates entre os migrantes e os povos do Império Romano, embora estes tenham existido. Já os romanos também eram chamados de "bárbaros" (estrangeiros) pelos gregos. Os povos migrantes, em muitos casos, coexistiam pacificamente com os cidadãos do Império Romano nos anos que antecederam este período.
Durante este processo, os godos (originários do sudeste europeu), os vândalos e os anglos (da Europa Central) entre outros povos germânicos e eslavos. É verdade que os verdadeiros motivos que desencadearam estas migrações em todo o continente são incertos, alguns apontam como sendo reação às incursões dos hunos, pressões populacionais ou alterações climáticas.
Já os historiadores modernos dividem tal movimento migracional em duas fases distintas. A primeira de 300 a 500, assistiu-se a uma movimentação de povos majoritariamente germânicos por toda a Europa, colidindo, todavia, com várias regiões já ocupadas pelo Império Romano.
Mas foram os visigodos os primeiros a enfrentar o Império, apesar de que inicialmente fossem contratados para ajudar na defesa das fronteiras do império. Mas, mais tarde, viriam ser responsáveis pela invasão da península itálica. Depois sucederam-se os ostrogodos, liderados por Teodorico, o Grande.
Já na segunda fase, entre os anos 500 a 700, deu-se o progressivo estabelecimento dos eslavos no Leste da Europa, tornando-se predominantemente eslava, num momento iniciado pela ocupação da região da atual República Tcheca.
Na península ibérica os bárbaros foram principalmente os suevos e os visigodos, absorveram rapidamente a cultura e a língua romanas; contudo, como deixaram de existir escolas romanos e os contatos com Roma foram se tornando frequentes. Nesse ocasião, o latim passou a evoluir de forma distinta da de Roma.
Foi quando se rompeu a uniformidade linguística, e se formaram as diferentes línguas tais como o espanhol, o catação e galaico-português que depois originou o galego e o português. Portanto, somos todos herdeiros dos bárbaros.
Estudiosos acreditam que foram os suevos os responsáveis pela diferenciação linguística dos portugueses e galegos quando comparados com os castelhanos. E, as línguas germânicas influenciaram enfaticamente o português principalmente em palavras ligadas à vida militar, tal como a palavra "guerra".
Mas, precisamos reconhecer que os bárbaros eram sofisticados em muitos aspectos e legaram para a cultura europeia preciosas qualidades.