Sempre fui considerada uma criatura perdida em dentro de nuvens densas de pensamentos sob a maré da imaginação. Estar perdido é estar rente ao infinito, é seguir ventos e tempestades, é abrir a janela e adentrar num abismo como se fosse um médico preocupado a curar ventres e feridas profundas e misteriosas.
As vezes, sou falante e efusiva e, por vezes, sou silenciossa, observadora e letárgica.
Como se pretendesse prender o tempo na ampulheta ou por entre os dedos.
Tudo muda constantemente e, nos ciclos frenéticos de hoje, a palavra, o diálogo e as ações são orquestradas como uma sinfonia, os metais, as cordas e, enfim, a melodia onde se navega pela pauta inundada de bemóis e sustenidos.
Sempre fui viajante da perdição, a navegar através de reticências na busca de alguma semântica ou algum secreto sentido de tudo.
E, tudo, está interligado, conectado e embalsado nas saudades, nas ilusões e nos afetos que nunca morrem, mesmo quando se suicidam.