Eu atravessava o Campo de Santana (que era antes considerada a Praça da Aclamação), no centro do Rio de Janeiro, saindo da faculdade para pegar o ônibus e voltar para casa.
Ou então, para ir ao Fórum, ver andamento de processos e, enfim, ganhar a cidade à pé. Lembro-me de contemplar embevecida as estátuas que correspondiam as estações do ano... como era linda a do verão, da primavera, como eram melancólicas a do outono e a do inverno...
E, de repente, sofri um apagão. Tudo escureceu e clareou subitamente. Meus olhos trimilicaram. Permaneci em pé... mas não me recordava o que iria mesmo fazer... meus olhos contornavam a estátua, digeriam suas expressões e, pouco daquele frio passou para minha alma.
Empenumbrada respirei fundo. E, fui aos poucos recolhendo memórias. Olhei novamente para a faculdade, deu-me uma vontade de retornar. De lá ficar.... Eu adorava a faculdade. Aquela aura de museu, decadências, os docentes, a biblioteca em estilo inglês.
Eu adorava tudo lá. Tinha sido o Palácio do Conde dos Arcos.
Mais tarde, sob a regência do Princípe Dom Pedro Primeiro, e por motivos políticos, Dom Marcos de Noronha fez com que voltasse para Portugal, quando então, surgiu a ideia de se aproveitar a construção e abrigar ali a sede do Senado da Câmara Municial da Cidade do Rio de Janeiro.
Logo depois, feitas as devidas adequações por Resende e Joaquim nabuco, tornou-se o Senado Imperial, a casa legislativa onde nascera a nossa primeira Constituição, a de 1824. E, depois da Proclamação da República e, o advento da Constituição brasileira de 1891, passou então a abrigar o Senado Federal.
Toda essa travessia histórica, esbarrando em séculos e fatos históricos e, eu aqui perdida em tarefas cotidianas e burocráticas. Acho que hoje vou decretar o meu "Dia do Fico".
Ou seja, fico aqui divagando perdida, em busca de customizar meu tempo e, sentir menor falta de mim mesma.