Olhar perdido BVIW
Sou uma pessoa atualmente sempre envolta com foco e atenção. E, o engraçado é que minha mãe relatou-me que era uma criança diferente, quase bizarra. Trazia um olhar perdido... disperso num horizonte imaginário e, nunca me conformava com o fim das histórias infantis. Tanto que eu, como era a irmã mais velha, refazia as histórias e, na hora de contar para meus irmãos, eu alterava tudo.
O final e as características dos personagens... Aliás, meus vilões nem eram completamente maus... só eram mal compreendidos, mal amados e principalmente rejeitados, o que fazia com a crueldade que usavam fosse uma mera ferramenta que implorava por afeto.
Minha mãe contou ainda que eu era nada sociável, não gostava de festas (aliás, não gosto até hoje) e nem de lugares tumultuados, cheio de gente, barulho e cheiros... Na primeira peça infantil que participei e atuei, por ser a mais alta que a maioria, escolheram-me para ser a bruxa, e eu, no fundo gostei... não tinha que ser simpática, não tinha grande falas e caprichava no gestual. A magia preciosa de palavras como abracadabra.. e pirlimpimpim... que para mim eram lindíssimas, por colocar nossa imaginação para flutuar até o infinito. Antes tão perdida, hoje tão ancorada, sou um paradoxo vivo.