Meus olhos cruentos têm testemunhado as barbáries contemporâneas. De um lado, a mais requintada tecnologia capaz de otimizar informações e comunicações entre seres humanos. E, por outro lado, a bipolaridade esquizofrênica, entre grupos ideológicos de orientações opostas, capazes
de escravizar gerações inteiras, relegando-as ao abandono moral, material e político.
A miséria exponencial de um fascismo iminente alia-se a alienação crescente de uma juventude descrente, um adulto desesperançado e de idosos e
crianças abandonados sob a égide de estatutos e alguma eventual caridade parental. Estamos condenados a viver a baixo da linha da pobreza, a saber que mais de quarenta por cento das crianças e adolescentes brasileiros são analfabetos operacionais.
E, como poderão votar e exercer sua cidadania em plenitude se, nem o cenário em que vive, compreende e, se torna assim apenas mais um títere manipulado pelas mídias cada vez mais comprometidas com o neoliberalismo e os comandos do mercado.
Meus olhos míopes por vezes são dádivas, por não ver de tão perto tanta tragédia e, se sentir impotente o que é doloroso. É canceroso e nos leva a uma morte lenta e gradual.
E, vamos nos desumanizando pouco a pouco. Pois banalizamos a violência, a falta de dignidade humana, e então, violamos liberdades, escravizamos e discriminamos pessoas, e adotamos intolerâncias ortodoxas de todos os cunhos, as raciais, religiosas, sociais, e até, mesmo culturais.
O único remédio contra a miséria é a solidariedade, a capacidade de fazer diferença, de ajudar, de agregar valor e construir o bem-estar com atitudes coletivas, individuais e, principalmente, produtivas de mobilidade social.