A condição do homem se traduz em ser um ente instável e incerto, enfim, não é anjo e nem fera. Simultaneamente é capaz de equilibrar essa condição, ao mencionar que suas misérias provam sua grandeza.
Há as misérias de um grande senhor, as misérias de um rei destronado. Percebam, uma árvore não sabe se é miserável, mas o homem, positivamente sabe que é miserável. Pois é feito para pensar, e nisso, reside toda sua dignidade. Afinal, para Pascal, o homem é o objeto sobre o qual a filosofia deve refletir.
Toda a grandeza humana está em seu próprio pensar na finitude e, em reconhecer sua condição de miséria. Tão intimamente interligadas. Se ele se vangloria, eu o rebaixo e, se ele se rebaixo, eu o glorifico; eu o contradigo até que se entenda de uma vez que é um monstro incompreensível.
Nem sempre o homem quer assumir sua condição de miserável. Por isso busca o divertimento, procura fugir de si mesmo e de pensar em sua finitude e iniquidade. As misérias da vida humana estão na base de tudo, tão logo os homens percebam, optaram por vencer a morte e a ignorância. Saibamos que o divertimento é a fuga diante da lúcida e consciente miséria humana.
É apenas perturbação. A recreação é pior de nossas misérias, a qual nos impede de olharmos para dentro de nós mesmos e, tomarmos consciência do nosso estado de perturbação ou perdição. A vaidade está arraigada no coração humano que sempre busca glórias e elogios.
É uma realidade trágica. E, não somente a vaidade, mas também o orgulho. Enfim, o homem é, de fato, apenas um caniço pensante, quanto mais fraca sua natureza, mais pensa e reflete.