Eu não sou indígena.
Não sou indolente.
Não sou doente.
Eu não sou malandro.
Não sou africano.
Não sou mulambo.
Eu não sou português.
Nem europeu.
Não sou civilizado.
Porque discrimino.
Porque humilho.
Porque espezinho
Não sou superior.
E nem inferior.
Eu sou apenas eu.
Uma mistura infinita.
Uma mistura definida
Aperfeiçoada
Ímpar.
Genética engrenagem
Emaranhado de dialetos
Fonéticas sedutoras.
Cantos maviosos.
De sereias, mitos e pássaros.
Não sou cadinho.
Sou um ser humano.
Não sou reles.
Não sou vulgar.
Não tenho ginga.
Mas tenho jogo.
O tabuleiro é o mundo.
Não sou peça.
Dou xeque-mate na
arrogância e na prepotência.
Sou o que sou.
Mais, menos, mais ou menos.
Exato e inexato.
Mas sou a probabilidade diária
de amanhecer.
E o sol é tão inexato
quanto a própria existência.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 07/08/2018