Afinal, o desafio é ser envolvente e objetivo. E se acredito que ser envolvente é tecer uma teia envolta com pontos de crochet complicadíssimos, mas com a beleza da poesia barroca; Não basta a leitura da mais nobre literatura. É preciso aprender ler almas.
Debulhá-las como o milho maduro para fazer um regalo saboroso. E, depois, penerar, e escolher o há de precioso...humano demasiadamente humano. Pois somos iguais em diferenças e, diferentes em nossa igualdade. Sentimos, suamos, sofremos e, no passar do tempo, envelhemos juntos ou divorciados. Morremos juntos ou solitários.
Teremos a mesma finitude enfim. Como posso dizer tanta coisa tão rapidamente. Se o brilho do olhar é da mesma cor. Se a pele e o sangue também. E, as emoções nos arremessam na miríade mais densa e variada e, ainda assim, somos muitos e somos únicos. Somos únicos em afeto. Na poesia diária das manhãs.
Nas confidências úmidas do orvalho e, na chuva redinha que rega o jardim com parcimônia e calma. Somos diferentes, pois o que pode ser uma brisa para um, pode ser tempestade para outros. O que pode ser fácil para alguns, pode ser quase impossível para outros. Escalamos montanhas, pisamos na lua, deciframos a estrutura do genoma humano, quase podemos fazer tudo. Não conseguimos abandonar nossa frágil condição de humano...animal de infância longa e de maturidade tardia.
O animal que ri e que caça e mata, mesmo sem ter a fome da matilha para saciar. O animal político que decide, regateia e finalmente governa. Mesmo que seja uma ingovernável tribo a quem chamam de país. Ser breve e ser pleno. Paradoxal e perigoso.