Há algo dentro de mim que é negação. E, ao lado desta, há a aclamação. Vejo poesias em nuvens. Vejo prosas e contos em conversas rotineiras. As vezes a rima e o lirismo se aposentam. Mas, os paradoxos brotam feito água do chão, no alto das montanhas e perante o silêncio das noites sem estrelas.
Há algo dentro de mim que se expande. Abre os braços... e abraço efusivamente... Mas, também há aquela parte de mim que se recolhe.
Que se retrai em encolher quase tão magicamente que quase desaparece... Dilui-se no contexto, escorre pela tinta das paredes, percorre ventos e tempestades e, vai desaguar numa lágrima no canto dos olhos. Discreta e sutil.
Nas ondas revoltas do pensamento há pertencimento e identidade mas também há laconismo e dipersão. É como as palavras me traíssem,
e adúlteras expressassem algo que está sub-reptício, mental e quase telepático.
É como os fonemas tivessem feromônios e, atraíssem sentimentos,
emoções e instintos prontos para perpetuar a espécie.
Mas, é verdade, é mais fácil romper vínculos do que formá-los. É mais fácil desistir do que enfrentar as demandas, os impasses e as agonias. É mais fácil apenas hesitar, sem jamais, decidir. Escolher, e sabemos, tristemente que toda escolha representa uma perda...
Por isso, há dentro de mim, uma parte vencedora e a outra perdedora. A que perdeu a cadelinha linda que gostou, a que renunciou ao melhor pedaço do bolo, da festa ou da alegria.
Só para saborear a delícia de observar, decifrar, analisar e carcomer o mundo com um pouco de ironia e comicidade. Com a alma arguta de um gato que pula de telhado em telhado, sem cair jamais.