Já não somos mais os mesmos. Os anos passaram e nos envelheceram. As lágrimas secaram, mas as dores não desapareceram. Mudamos tudo e, ainda, somos mutantes. Roupas, conceitos, comportamentos e valores são como pedaços num caleidoscópio, conforme o ângulo de visão, mudam de cor, tamanho e significado.
Ninguém deveria ter que abortar seus sonhos. Ninguém deveria ser penalizado por errar ou simplesmente fracassar. Mas, se a vida é um jogo, pode-se efetivamente perder ou ganhar...E, quem sabe, perplexamente: empatar.
Aí, eu me recordo de Jackson do Pandeiro, a gritar com sua voz inconfundível: -Esse jogo não pode dar um a um !... Corremos riscos ao viver, e esses, só fatalmente desaparecem quando fenecemos. E, vamos morar no esquecimento do tempo e das pessoas. O risco é nosso registro de existência. Se não há qualquer perigo, não teríamos desenvolvido a habilidade da atenção.
Não teríamos aprendido técnicas, procedimentos, vestido luvas e aprendido que para tudo e para todos, há riscos maiores e menores. Sobrevivemos a uns e, sucumbimos a outros. No final, nossa historiografia é ditada pela sequência de riscos que aprendemos a lidar.
Mas, se o medo ainda persistir, há uma solução, apele para a poesia. Pois até o mais covarde dos seres, se for trovador, será finalmente perdoado.