"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

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Em 2018 completa-se o centenário da maior pandemia de gripe já conhecida, a famosa gripe espanhola

Estima-se que morreram cerca de cem milhões de pessoas em decorrência dessa gripe, o que na época representava algo em torno de cinco porcento da população mundial. Mas, houve quinhentos milhões de contaminados
pelo vírus.

Destaca-se que havia uma predileção virótica quanto aos jovens adultos e não propriamente de crianças e idosos, que costumam ser naturalmente mais velneráveis.

Historiadores e cientistas elaboraram numeras teses sobre as possíveis orígens, alcance e consequências. Daí, termos tantas noções equivocadas a respeito.

No Brasil, o vírus vitimou em 1919 o nosso quinto presidente da República, Rodrigues Alves, bem no início de seu segundo mandato, tanto que nem chegou a tomar posse.

Aqui no Brasil, estima-se que a dita gripe matou cerca de trinta mil pessoas, que foram trazidas ao país em navios vindos de Portugual com doentes europeus.

Há algumas crenças que devem ser combatidas. Primeiramente é que a dita gripe não teria surgido na Espanha.

Mas, deve seu apelido étnico à Primeira Grande Guerra Mundial, que àquela altura entrava em seu último ano. Os principais países beligerantes fazim o possível para evitar qualquer estímulo moral aos seus inimigos, então na Alemanha, Àustria, França e Inglaterra e,  ainda nos EUA a  informação sobre o alcance da doença foi censurada.

Já na Espanha que se posicionou como país neutro nesse primeiro conflito mundial, não precisava ocultá-la. O que induziu a falsa impressão de que esse país era a origem da gripe. Aliás, a origem geográfica da gripe ainda é alvo de debate, apesar de muitas hipóteses suscitadas, a maioria das teses apontam para o leste da Ásia e Euproa, e, até mesmo para o Kansas.


 A famigerada gripe de 1918 se propagou muito rapidamente e veio a matar vinte e cinco milhões de pessoas logo em seus primeiros meses. Houve até quem cogitasse no apocalipse e no fim da humanidade, pois o vírus era especialmente letal.

No entanto, a alta taxa de moratlidade alcançada pode ser justificada pela presença de grandes aglomerações nos acampamentos militares e também nos ambientes urbanos, bem como até mesmo à péssima qualidade de alimentação e condições sanitárias que se precarizaram ainda mais com a guerra.

E, atualmente, muito se acredita que boa parte dos óbitos fora devida ao desenvolvimento de pneumonias.


A primeria onda de óbitos da gripe de 1918 aconteceu ainda na primeira metade daquele ano, e foi relativamente pequena.

Já a segunda onda, ocorreu de outubro a dezembro do mesmo ano. E, a terceira onda, e a mais letal de todas, ocorreu
na primavera de 1919.

Um fato relevante é que a maioria das pessoas infectadas com a gripe de 1918 sobreviveu e,
em geral, as taxas brasileiras de mortalidade não superaram aos vinte por cento.

Nos EUA, as mortes foram especialmente elevadas particularmente entre a população indígena, talvez em face das baixa imunidade e, é verdade, que comunidades inteiras de aborígenes veio a desaparecer, na época.

Um dos motivos do alto índice de óbito em face da gripe foi o fato de que não existiam terapias antivirais eficientes e específicas. O que 
até hoje não mudou muito... e, a maioria dos tratamentos se dirige apenas a aliviar sintomas, ao vez de curar a enfermidade.

Outro motivo para tantas mortes pode ter ocorrido devido à intoxicação por aspirina. Pois os médicos da época
administravam até trinta gramas por dia. 

Atualmente, por exemplo, já se considera pesada a dosagem de quatro gramas por dia, o que representa uma dosagem segura. Porém, em doses excessivas, a aspirinas pode provocar alguns dos sintomas propalados
pela pandemia gripal, incluindo hemorragias.

Na época os funcionários da saúde pública e os políticos tinham interesse em minimizar a divulgação e sobre a gravidade de 1918, o que fez com que não atraísse a atenção da imprensa da época.

E, temor de divulgar era justificável pois poderia encorajar os inimigos de guerra, além do desejo de preservar a ordem pública e evitar o pânico.

No auge da pandemia, foram estabelecidas muitas quarentenas em várias cidades, o que até obrigou a restrição de serviços básicos como os da polícia e dos bombeiros.

Cumpre advertir que os combatentes de ambos os lados da Primeira Guerra Mundial se contaminaram, de forma mais ou menos igual.

Poucas dúvidas há sobre a influência do conflito internacional pois a concentração numerosa de soldades criou positivas condições ideias
para o desenvolvimento infeccionso do vírus, que se tornou mais agressivo.

Em 2005 pesquisadors anunciaram ter obtido o sequenciamento genético do vírus da gripe de 1918 e o vírus fora recuperado no corpo de uma vítima sepultada no permafrost do Alasca, e também se obteve nas amostras de soldados norte-americanos abatidos pela gripe fatal.

Os estudos indicaram que os animais morreram quando seus sistemas imunológicos reagiram excessivamente ao vírus, no que se denominou de tempestade de citosinas.

Contemporaneamente, os cientistas acreditam que, em 1918,
uma reação excessiva do sistema imunológico similar a essa, contribuiu para os altos índices de óbitos registrados entre adultos jovens saudáveis.

Aproveito a oportunidade para estimular e informar que a vacina contra gripe estão sendo disponibilizadas para idosos, crianças, grávidas e pessoas que cuidem de idosos nos principais postos de saúde da cidade.
Não percam a oportunidade de se imunizarem.

Post-scriptum:
A gripe de 1918 era um vírus dito de tipo A e de subtipo H1N1, tal como o da recente pandemia de gripe de 2009.

Worobey e os seus colegas analisaram o ADN deste vírus, do vírus H1N1 dos suínos e do vírus H1N1 sazonal humano (os dos surtos gripais de Inverno).

Utilizaram um “relógio” molecular – uma técnica que permite, conhecendo a taxa de mutações que se acumulam no ADN ao longo do tempo, calcular quando e como o vírus surgiu.

Só para fins didáticos, os principais sintomas da gripe espanhola incluam:
Dores musculares e nas articulações;
Intensa dor de cabeça;
Insônia;
Febre acima de 38º graus;
Cansaço excessivo;
Dificuldade para respirar;
Sensação de falta de ar;
Inflamação da laringe, faringe, traquéia e brônquios;
Pneumonia;
Dor abdominal;
Aumento ou diminuição dos batimentos cardíacos;
Proteinúria, que é o aumento da concentração de proteína na urina;
Nefrite.

Referências

GUNDERMAN, Richard. Aquela que foi considerada a maior pandemia da história completa 100 anos, mas ainda não entendemos o mais básico.
Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/01/16/internacional/1516096077_476907.html Acesso em 01.06.2018

GERSCHENFELD. Ana. Cientistas afirmam ter desvendado grandes mistérios da gripe espanhola. Disponível em: https://www.publico.pt/2014/04/29/ciencia/noticia/cientistas-afirmam-ter-desvendado-grandes-misterios-da-gripe-espanhola-1633911
Acesso em 01.06.2018


 
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/06/2018
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