Diário da poesia perdida
Estava flanando pelo outono quando algo se aqueceu com o sol,
chorou com a chuva e, finalmente, cristalizou-se com inverno que ainda era promessa.
Preciso fazer uma faxina nesse túnel do tempo. Desencavar tesouros, palavras e emoções adormecidas. Tirar os afetos da bangunça e ordená-los,
guardá-los como se fosse tesouros...
Preciso desses trilhos, a me conduzir por um caminho demarcado.
Sempre à procura da poesia perdida. Vagante... aspirante entre oxigênio e mistérios.
Mas, a atmosfera era pesada e tristonha Dava para cortar com uma faca e
dividir o infinito ao meio:De um lado, a rotina. De outro, a incerteza.
Eram metades desiguais. Como quase tudo que há no mundo.
Mas, nesse dia, na caçada a poesia. Não adiantava laços, armadilhas,
correntes ou prisões. Ela era livre verdadeiramente. Estava além dos homens, das mulheres, das crianças, dos gatos e cachorros ou mesmo
das plantas... A poesia diária e contundente, nos derruba literalmente na filosofia hídrica das lágrimas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/04/2018