Não amo você.
Não desejo você.
Não enxergo você.
Tudo que me passa
é essa brisa impune.
É esse sentimento
em devaneio
que flui dentro de um corpo
E transborda.
Pelos poros,
pelos olhos...
Esse sentimento
que como cimento
que seca, solidifica
e quebra.
Não tenho rancor.
Não tenho afeto.
Não tenho mágoa.
Existe um buraco negro
sem asteróides
Existe uma galáxia
desconhecida
e anônima
Procurando no universo
uma razão para existir.
A luz vem de manhã
com uma estrela de quinta
grandeza
Penso na hierarquia dos astros
Na escada do dia-a-dia
No degrau
Na hesitação.
Nessa negação.
Pois não amo você.
Se amei.
Se amarei.
Ninguém sabe.
Nem mesmo eu.
O que sou capaz
dorme em mim em potência.
Latente junto aos nervos.
Pungente junto aos músculos.
Afogado em semântica e
paradoxo.
O que não sou capaz.
O que não nunca saberei.
Nem mesmo uma leve suspeita.
É sobre a alma.
Não tenho piedade de você.
Misericórdia, talvez.
Arrependimento, talvez.
Mas, a poesia irremediável
me faz confessar o lirismo
do encontro.
E o infinito das encruzilhadas.
A esquadrinhar um abismo
de sentimentos perdidos,
de vestígios apagados.
E, de esquecimento-alívio.
Hoje, apenas caminho sozinha
Acompanhada pela sombra
de minha poesia.
Fiel.
Oblíqua
e provável.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/04/2018
Alterado em 10/04/2018