jaula entreaberta
desde que abri a porta
cerrei os punhos
saí lá fora
pra bater ou apanhar
pra bater e apanhar
enfrentei a vida lá fora
o frio,
a chuva
a lama
a solidão
desde que abri a porta
sabia que eu era por mim assim
como a sombra era pela luz,
como a primavera era pelo pólen
desde que abri a porta
ao entrar
perfurei na pedra o caminho
esculpi meus passos
no compasso do tempo
desde que entrei na sua vida
nada fiz
nada acrescentei
talvez só dúvidas
e tristezas
com medo de fechar a porta
deixei entreaberta
mas o vento fortuito,
bastarda ventania
bateu a porta
fechando meu rumo
em direção a você
desde então
choro quando não consigo
abrir portas
entender as rosas
e matar as tristezas
e as parcas alegrias
de fim de noite
após uma poesia
ou outra literatura
primam por delatar a existência
enjaulada no quarto.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/08/2007
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