Tem pessoas que são
como a música
Tem tons, semitons, cadências
e ritmos.
Há bemóis e sustenidos.
Há partituras inteiras
edificadas em carne e ossos.
Há pessoas que são
como a matemática
Repletas de equações, inequações,
cálculos integrais
e cálculos diferenciais.
E a diferença é a gangorra
que nos faz oscilar no mundo.
Conheça-lhe!
Pessoas simples.
Pessoas tão complexas
e cuja mensura infinita,
é mutante e imutável
que nos fazem teorizar sobre
o universo e tamanho.
Tem pessoas que são como
a literatura.
Romances, tragédias, ficção científica
e novelas
que consomem enredos, tramas e
personagens reais e concretos.
Sangrentos e verossímeis.
Tecidos denunciam cores.
O drama particular do claro-escuro.
Arco-iris expulsa as cores
pelo céu afora
para dominar o espaço
e deglutir a luz em seu espectro
Há pessoas inegnimáticas,
miteriosas e profundas
Pertencentes ao indizível,
ao imprevisível.
Intangíveis sers
sobreviventes do descaso da história.
Nos umbrais encobertos
por segredos, sigilos e silêncio.
Há pessoas que são como poesia
possuem rimas sub-reptícias,
lirismo embutido
em gavetas, perfumes
e reticências.
Contam verdades fictícias
e ficções verdadeiras.
Narram dores.
Contabilizam aprendizados
e quando morrem
deixam saudades e vestígios.
Há pessoas corporizadas em tudo.
Dispersas e contaminantes.
No traçado onde escrevo.
Na caneta que uso.
Nas palavras ditas e malditas.
Mas, principalmente, e,
sobretudo, no olhar
musical, matemático,
literário.
Sobre um universo imenso
e desconhecido.
Tudo que são
é música matemática e poética.