A alma rasteja corpo a dentro.
Sentimentos batem na parede
como se fossem uma cama elástica.
Dobram-se, projetam-se,
tigem e maculam...
Há respingos sentimentais
no mundo afora
A alma rasteja nos pingos
da chuva
que pregam na janela
prismas luminosos.
Milhões de pontos de vista.
Milhões de opiniões.
Sentidos, paradoxos.
Filosofias, crenças e dogmas.
Precisamos acreditar
Desesperadamente.
Como uma tábua de salvação.
Como um reduto protetor
de todo o destino.
Entramos em abismos
Saímos.
Nos deparamos com horizontes
Desconhecidos.
Conhecidos e requentados.
Decorados pela retina e
esquecidos pela alma.
Pessoas normais.
Existe a luz nas trevas.
E as trevas dentro da luz.
Mas, o que diabos, é normalidade?
É normal se sentir culpada?
Sentir-se outsider?
Quantas vezes procuramos
o ninho...
o colo da mãe.
a palavra confortante.
O afeto faltante...
Tudo isso é poesia.
Tudo isso é lirismo e espectro
do humano,
profundamente humano.
E queremos a perfeição da máquina.
Do ciborgue.
Queremos ser infalíveis.
Indefectíveis.
A prova de margens de erro.
De estatísticas.
O dedo no gatilho.
E a bala sai rebolando do revólver.
Pode atingir o culpado.
Pode atingir o inocente.
Pode matar o cão.
Mutilar a criança.
Trazer expectativa
Expiação.
Transformar a vida em inferno
E, o inferno em rotida
urbana de esquinas e
desencontros.
No traçado da bala.
Uma história.
A alma se arrastando no corpo.
Então ela salta
para o infinito.
Para a eternidade de razões
e desrazões.