Tenho urgências intrínsecas.
Preciso chegar pontualmente.
Não tenho alegrias profundas
e nem tristezas intensas.
Tudo é morno.
É morna a ausência.
É tépido o abismo de
silêncios e carências afetivas.
Há milhões de insetos lá fora.
Há milhões de dúvidas aqui dentro.
Viver é tão perigoso como morrer.
Mas, morrer, ao menos,
é definitivo.
As exéquias.
O ataúde.
O culto a morte e a eternidade
sub-reptícia de nome na lápide.
E mensagem final.
Encriptados pensamentos
passam sem obter
tradução sólida.
Há devaneios.
Suspiros.
Esperanças borrascas
Que varrem as tempestades.
E, amontoam areias num canto da praia.
Há o murmurinho das ondas.
A acariciar e chibatar os pés.
Um gesto de carinho.
Um sorriso terno.
E, as palavras sedutoras
que ouço ou reverencio
são sempre alentos.
Finjo entender-me.
Mas, os paradoxos me conduzem à inequação.
sentimentos esbarram na razão.
E dormem comigo silenciosos,
na certeza de acordarem maduros
e prontos para sair do cais.
Quem precisa do mar para navegar?
Quem precisa de amparo, se a vida
é queda em movimento?
Não precisamos ver
Precisamos enxergar.
Não precisamos ser.
Precisamos ter essências.
Guardadas na alma.
Registradas no corpo.
E encriptadas no olhar.