Não somo responsáveis
por nada.
Há uma história antes de nós.
Há uma história depois de nós.
A trama do destino se esvai em
meandros genéticos,
no vodu magnético de rituais
envolto em culturas.
Em armaduras
e principalmente em guerras.
Em batalhas diárias
movidas por palavras,
fonemas estampados em gritos.
Não somos responsáveis por
nada.
Há o acaso.
Há o caos neandertal.
De tão boliçoso
enreda tudo e a todos.
Constrói pontes.
Links, conexões.
Ilações cibernéticas.
Calculadas em algoritmos
Há uma planilha prevendo
todos os fatos.
Todos os valores.
As variações.
A inclinação angular do raio solar
O raio da elipse lunar.
A chuva ácida.
A hecatombe nuclear.
A bomba que destrói o inimigo.
Não somos responsáveis por nada.
O acaso do zigoto
A nidação.
A pedra, o molusco e viração
Um mar de incertezas.
Um oceano de paradoxos.
Um infinito de íons
carentes de eletricidade.
Apesar de tudo.
Há a culpa contundente
A bater martelo.
A baixar a guilhotina
A decretar penas de morte.
Mas, o crime não morre.
Sempre ressuscita
Encontra novos corpos...
Encarna e reencarna
Vestido, munido e arrojado.
Enquanto existir pobreza,
miséria e falta de dignidade.
Enquanto sobrar para alguns e
faltar para muitos.