Morre a pétala
que cai flanando
no chão de uma primavera.
Morre o inverno lentamente
E o calor avança
derretendo consciências e
esculpindo dores.
Morre a folha
em pleno outono
que ao cair cumpre o mosaico
do chão.
onde os passos são regidos
por pegadas e sons.
Que venha o sol do verão
a queimar nossos rostos.
A torrar nossas siluetas
que marcadas resistem a
intempérie.
Procuro sombras,
ventos, água fresca e
alívios imediatos.
Prazeres rápidos.
Flashes de emoções
instantâneas...
Tudo é descartável
Não se consertam mais coisas.
Nem se restauram cenários
e histórias.
Saudade é piegas.
Suspiros devem ser asma.
E, sonhos, são caravelas
naufragadas em devaneio.
Perdi a chave da gaveta.
Perdi a chave da porta.
Não decifro palavras, frases
ou sentimentos.
Não leio almas, espíritos ou
subjetividades.
Tudo é positivamente incerto.
Absolutamente paradoxal.
Há enigmas tramados pelo tempo.
Há segredos encerrados em silêncios.
E, na gangorra pendular do tempo.
Ora descemos, ora subimos.
Sem galgar o êxtase.
Quando finalmente deciframos
o real sentido da vida.
É tarde...
devemos conhecer a morte.
Nos acostumar com o fim.
E, rezar para que tudo não tenha
sido em vão...
Que no vão, caiba todo
nosso pobre significado.