A infinita vontade de acariciar
Seus pelos e sua pele.
Percorrer sua face com delicadeza
Investigar os detalhes.
E, de sua boca, ver a palavra brotando
Primeiro o fonema, depois as sílabas.
Mais tarde, a pontuação,
a sua voz meio grave e aguda.
Equilibrando-se
na gangorra de sentimentos.
Na acentuação jaz o agudo sofrido.
O grave contido e sério.
E, a semântica de seu perfume
A inundar a sala com um misto de
lavanda e almíscar.
Sua sedução subliminar
Sub-reptícia
A transitar nos porões da alma.
No recanto das saudades já esmaecidas.
O brilho de seu olhar.
Ainda de menino.
Infante perdido diante do abismo da maturidade.
Dores mestras.
Angústias dormentes
Informam sobre membros decadentes
Nem tão ágeis e céleres.
Apenas claudicando no feitio do crochet.
Meus fios entrelaçaram com os seus.
Desataram-se.
Desencontraram-se e depois
Vieram os nós.
Os vínculos deixados na memória
De um afeto ainda pungente.
A infinita vontade de esquecer tudo.
E com a tabula rasa, surfar nos
devaneios dessa manhã.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/01/2018