Meu corpo parado.
Ainda respira.
A consciência se esvai em poros.
Suores.
Calafrios.
Tremores
Febre.
Sintomas.
Minha alma parada.
Flanando
Percorrendo as cores.
Caminhando no ritmo dos sons.
Visitando flores,
memórias e saudades.
Parado está o sol
a queimar silenciosamente.
A melanina, a retina
e a existência.
Mas tudo está parado;
Constante.
Em silêncio
É um monastério
todo esse universo.
Silente.
Latente
Incandescente.
A vibrar por minúsculas vidas.
Por trepidar por entre moléculas.
Por oscilar entre altos e baixos.
Entre sons sussurrantes
E gritos lascinantes.
A palavra.
A rima
e a poesia.
Parada nos dedos.
Congestionada no oxigênio.
Hemoptise de lirismo.
Câncer romântico
a carcomer o coração
por emoções abortadas
no nascedouro dos afetos.
Tocar essa inércia
é descobrir a poesia.