Dou-lhe uma ,
Dou-lhe dois...
Dou-lhe três...
vendido para aquele cavalheiro...
No leilão, ganha quem dá maior lance...
quem sabe o valor
quem tem noção
do que é lance maior
Dou-lhe uma...
apenas uma vida.
E no leilão de emoções
patinamos,
escorregamos...
Na fala, os fonemas se ausentam
a semântica se aposenta
E, visceralmente o silêncio grita
estampados em olhos,
gestos e faces.
Dou-lhe uma... apenas uma vida.
Muitos caminhos.
Múltiplas escolhas
Mas, só uma escolha é a afortunada.
É aquela que lhe levará adiante.
Num projeto,
num alvo,
num ganho.
Ganhar a vida, respirando.
Trocando de vestes.
Cambiando valores.
Vertendo lágrimas, palavras e suores.
Calafrios.
Medos e sentidos embaralhados
na encruzilhada óbvia.
Errar faz parte da trajetória.
Tropeçar faz parte da caminhada.
Sonhar, frustrar-se...
ganha-se
por vezes,
perde-se por vezes...
Muitas vezes, perder
significa ganhar...
E, ganhar pode ser perder...
É verdadeiramente possível o inverossímil
Acreditar faz parte de executar...
Primeiro, a alma tateia
Depois o corpo constrói
entre dores e esforços
todo o resto...
As vigas metálicas das intenções.
O cimento das ações
e corpos em movimento
E o acabamento da fé.
Embolsando a nudez da alma
Com o colorido dos sentimentos.
O leiloeiro me atordoa...
Contando em voz alta
E eu, que intimamente
sinto o tempo passar.
Escapar
Esfarelar-se na ampuleta
já vazia.
Só tive tempo,
para mais essa poesia.
De lirismo instantâneo
e paradoxal.
Perdoai-me, leitores.
Pois, hoje,no leilão da vida.
Só arrematei os vestígios
da beleza de outrora.
No afã de pura saudade.