Eu ali uma pedra bruta
em calcário e frieza
Você era uma onda tépida
e bailarina
em sussurros hipnóticos.
Seus olhos inteligentes e meigos.
Meus olhos ferozes e magoados
pela vida e flashes
que queimaram retinas e sonhos.
Eu ali, diante de uma possibilidade
ou abismo...
Você era todo seguro.
Erguido numa delicadeza sofisticada
Nos detalhes miraculantes
Magro porém altivo.
Tinha uma nobreza estonteante...
Bocas, olhos... e pernas.
Palavras, frases e fonemas
Entrelaçados com desejos e
expectativas.
O suspense das reticências.
O cálice e a medida.
A dimensão nos cabe
Nos engloba e nos devora
contemporaneamente.
Derretemos e
em gases finalmente
nos fundimos
Na unidade imaginária
Não havia mais corpos.
Nem almas, nem plural.
O singular é uno.
A pedra é fundamental.
A delicadeza é a escultura do tempo.
Contornos sedutores.
Ventos arrebatadores.
E o silêncio de cortar com faca.
Palavras implícitas.
Rimas sub-reptícias.
Lirismo subliminar.
Desenham no cenário
Nosso encontro.
Feito de pedra e delicadezas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/11/2017
Alterado em 12/03/2018