Deixado para os últimos raios de sol
O entardecer sangra poeticamente
na tarde que era azul.
Deixado para esmorecer e
mergulhar no breu da noite
recém-vinda.
Vem as primeiras estrelas
dar-lhe a trega e alguma esperança.
A brisa arremessa seu perfume
que é saudade e tristeza.
Vai longe e se esvai.
Não me lembro bem o porquê
você se perfumava tanto...
Lembro que gostava de trajar branco
em paradoxo com a melanina
gritante de sua pele
Deixado esquecido nos porões
da consciência.
A dor não mais lateja
Permanece intacto o enigma
As teias se encontram
mas não se explicam.
A caça e o caçador se
irmanam durante a sobrevivência.
Quem será o algoz de quem?
Quantos sacrifícios
e umbrais atravessamos?
e nos abandonamos
sozinhos.
À luz do lirismo vassalo
sem feudo,
sem moinho
e sem cavaleiro errante.
Quando fui embora
Fui-me despedindo
lentamente..,
aos poucos...
Primeiro, da tarde,
Depois, da noite
e das pequenas estrelas.
E quando finalmente
a madrugada já anunciava
finalmente um
novo dia.
Eu tinha transmutando
completamente.
Não era mais eu...
Era apenas uma sobrevivente
entre tantos abandonos.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/09/2017
Alterado em 17/09/2017