Além das palavras
Além dos sentidos.
No mais profundo dos abismos.
Na mais dinâmica rotação.
Na fonética,
na semântica
e dentro dos símbolos.
A magia da significação.
Da representação.
Do lirismo pé-de-mesa.
Sustentando a parca vontade
de sobreviver.
Não quero ter nada.
E sinto o domínio das coisas
sobre mim.
Pesando
É pavoroso o pertencimento alheio.
O muro da esquina que está torto.
A rima que insiste em fugir.
A esgrima que não lutei.
A vitória que não consegui.
Minha poesia é tudo isto
E, ao mesmo tempo, não é nada.
Está aqui, ali e depois.
E, se desintegra em fósseis,
doenças ou flores.
A primavera chegando...
Perfumes e pestilos disputando
percepções.
Um olhar.
Um reconhecimento
Ou alheamento.
E, tudo que tenho
para dar...
são fatos e são narrativas.
Meia-confissão
De tudo que sou... E nem sei que sou.
De tudo que penso. E nem sei que penso.
E, ainda assim, por ser inexorável.
Passo aqui.
Para vedar a porta com
signos poéticos
Que colorem a consciência
cansada do preto e branco da lucidez.
A correção míope das lentes
Me faz achar sabedoria numa
visão borrada e desfocada.
Enlouqueça a palavra
e, ela lhe entrega o sentimento.
Enlouqueça o sentimento
e, ela lhe dá a razão...
Que não está precisa, mas dispersa
em todo oxigênio
daqueles que ainda não morreram.
Quanto aos que morreram
ainda que houvessem geografia,
se encontrariam na história.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/09/2017
Alterado em 15/09/2017