A entrega preciosa de informações
Damos informações gratuitas
sobre nós mesmos
O tempo todo.
A vida é delação não premiada.
Nossas roupas,
nosso andar,
nossas palavras,
e, nossos gestos
esgrimam na luta diária
A nos revelar em todos tons possíveis.
Nas trevas, sob a luz solar.
No silêncio, na ausência.
Entre reticências e titubeios.
A entrega contínua de informações
psíquicas, afetivas, emocionais
e melódicas
a percorrer as cordas vocais,
os músculos cardíacos.
Nos dividimos entre ventrículos.
Nos mutilamos a cada perda.
Um amigo que morre.
Um parente que morre.
Nós morremos de pouco em pouco
E, no fim, somos cinzas da phênix
esquecida...
E guardada delicadamente
Em cima da estante do tempo.
Até que um dia, a prateleira simples
despenca.
Segue obediente à gravidade.
Caímos no abismo dinâmico
A girar em translação.
A girar em rotação.
E, em eixos concêntricos, desfocamos a
realidade
por miopia,
estupidez,
vaidade ou ironia.
A vida é uma delação não premiada.
Mas, há falsos prêmios:
Medalhas.
Menção honrosa.
Placas comemorativas.
Lápide.
Nenhuma palavra nos resume.
Nenhum corpo nos aprisiona.
Nenhum limite realmente existe.
Transcendemos.
Em alma,
em poesia
e, sobretudo, na entrega diária
do que somos,
do que sentimos
e, finalmente,
confessamos.
Para compartilharmos
a eternidade com o infinito.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/09/2017
Alterado em 21/11/2017