Não somos culpados
Há uma sentença
escrita na sequência genética.
Há um provimento
determinado,
atávico.
Inescapável
Não adianta correr.
Esquecer,
apagar ou
desmaiar
Mais tarde, ao acordar
tudo estará escrito.
Maktub
Não somos culpados
Há conspiração do tempo com a vida
A história aliada a genética.
E, essa consciência circunspecta
A imaginar o todo,
pela visão do elétron.
A enxergar a matéria
na poeira.
Choque contundente
entre
a realidade imaginada
a realidade existente
O raio cortando as nuvens
O silêncio entre as palavras
A semântica semeando
significados..
O lirismo colhendo frutos
bastardos
A reza hipnótica dos xamãs
O kharma inevitável.
A encarnação do espírito
num corpo improvável,
perecível,
transitório.
Pois essencial é imaterial
É um perfume.
É um toque indelével
É um enigma
decifrado na bruxaria
nos pontos riscados,
nas rasuras do script.
Em diálogos impossíveis.
O perdão não ofertado.
A lágrima não vertida.
Em oferenda.
Peço-lhe água
E lhe digo benta
a incerteza.
A roleta que gira
em torno de todo
jogo do poder.
Números.
Cores.
Significados apostam
na direção do infinito.
Não há xeque-mate.
Apenas, um
breve intervalo
entre a percepção do átomo.
E a epifania da molécula.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 06/09/2017
Alterado em 21/11/2017