Precisa-se de uma república de snipers
Precisamos de boa mira
E algum senso de moralidade.
Uma dúzia de mortos.
E podemos livrarmos de todo mal,
e refazer novamente a história.
Precisa-se de uma república de snipers
Precisamos da mira precisa
Da expertise em abater.
E, não de combater.
Resistir é preciso.
Mas, cada vez é mais curto
o tempo para sobreviver
Uma dúzia de sujeitos abatidos
cirurgicamente
E se pode salvar a pátria.
Salvar o mundo.
Salvar a esperança
Num futuro provável.
Rifles com mira periscópica
Podem ser mais potentes
que votos
que discursos
que debates
que práticas pseudodemocráticas.
A dor é de todos.
A mira é de poucos.
Toldos vedam a luz do sol.
E cercam janelas,
protegem olhos.
Jamais a memória.
Precisa-se de snipers
Não precisam ter filiação partidária.
Não precisam ser nacionais.
Não precisam acreditar no Estado.
Só precisam acertar o alvo.
Abater como um corpo sem sentido.
Sem humanidade
Sem decência ou vergonha.
Tenho vergonha.
Mas minha esperança
mora na possível violência.
Pois a dialética fracassou.
A metafísica feneceu...
Resta a crença reta na
abolição dos escravos,
dos alienados,
dos precariados.
Náufragos da modernidade líquida.
Refugiados da aridez da decência.
Recruta-se snipers.
E todo amanhã
nascerá normalmente.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 05/08/2017
Alterado em 05/08/2017