Tenho pressa.
Não tenho tempo.
O relógio vive a roubar vidas.
Instantes.
Momentos.
Flashes
que se arquivam
na memória,
na retina
e nos ossos.
Tenho pressa.
Tenho urgência.
Não tenho todas as dimensões.
Só vejo uma parte ínfima da realidade.
A miopia é a tônica.
A diversidade é a constância.
E, a complexidade existe moribunda em tudo.
Infindável.
Indecifrável...
Quando penso que finalmente
captei aquela onda,
Aquele entendimento.
Aquele momento.
Ele se esvai.
A onda morre na areia sussurante.
O entendimento se apaga
num susto...
E, tudo parece tão remoto.
Parece irreal.
Imaterial.
Intocável.
Etéreo.
As nuvens tocam o horizonte.
Batizam o mar de esperança.
As ondas em sua bruma
são um poudo das nuvens.
E, o cochico que faz a areia.
É para revelar a senha.
Revelar como abrir almas.
Abrir os olhos
E enxergar profundamente.
Tenho pressa.
Minhas pernas correm.
Meus passos dormem no ritmo
atritoso entre os ossos e
a ansiedade.
Não sei esperar.
Espero apenas aquilo que
não percebo.
Não entender você.
Não ter você por perto.
É um preço.
Não saber perdoar,
é outro preço.
Tenho pressa.
As angustias passam.
A sobrevivência um dia acaba.
A essências dos olhos que choram.
Da mão pedinte.
E clamam... por maior rapidez.
Tudo é um átimo.
Um átomo.
Um fóton.
Dentro da poesia quântica,
onde os neutrinos dançam
a valsa vienense.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 31/07/2017
Alterado em 31/07/2017