"O conhecimento é o mais potente dos afetos: somente ele é capaz de induzir o ser humano a modificar sua realidade." Friedrich Nietzsche (1844?1900).
 

Professora Gisele Leite

Diálogos jurídicos & poéticos

Textos


Tua voz é a tarde vermelha
E soa a razão entoante
ébria de lucidez e espanto.
Vive dormente exatamente
entre fonemas labiais.

Tua voz espreita
nos bemóis e sustenidos
da pauta de metal
De fios elétricos.
De notas sincopadas.

Tua voz é o inverno
Que faz sentir frio,
tristeza e tédio.

Por que razão a primavera, voltará?
Por que razão o outono
ainda derrubará as folhas?

E no tapete encriptado
Decifrar o tempo e 
conhecer novos frutos.

Perguntas irrespondíveis.
Tua voz é a chaga
cancerosa a doer no
meu ouvido
saudades, conexões.
Ilusões criptografadas


Ainda que estivesse
longe do mundo
flanando dentro das órbitas oculares
minhas ou alheias.
Tanto faz.

Pois o despertencimento
me dá  a vastidão do universo.
Enquanto que a poesia
me dá a solidão da rima.


Tua voz reverbera
um timbre.
Um gemido decadente.
Invisível sibilar 
de serpentes
a denunciar a fórmula do
veneno.

Ouso pendurar-me 
numa nuvem
Balançando volto
a tornear a solidão com
a calma de profetas
ou xamãs.

Inclino-me.
Olho ao redor.
Só há sua voz.

Mas, não mais sua presença.
Ouço apenas lembranças.
Lampejos breves.
Sinapses arquivadas.

Poderia acreditar
que as bani.
que as expulsei
que as expurguei.
Mas, tudo está travado.
Como um refrão maldito.

Há sinais invisíveis.
Harpas inocentes.
Há propósitos perdidos.

A mágoa de não ser.
A mágoa de não ter.
A mágoa que nada explica
e nem consola.

Tenho remorsos.
Compadeço-me sozinha
de minha própria trajetória.

O mapa envelheceu.
Atlas já não carrega mais o mundo
sobre o dorso.
Sobre a cama não há dossel
E insetos inoculam
lirismo por toda parte.

E tua voz impávida.
Ressoa no fundo do corredor.
Em direção da porta.
Será de saída?
Será de entrada?
Nunca saberemos.
Nem eu e nem você.



GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 29/07/2017
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