Espera relativa
Esperando a morte
Esperando o corte,
sem sangria,
sem hemorragia,
sem verborragia.
O silêncio corta a palavra
ao meio.
De um lado, a semântica.
De outro lado, a sintaxe.
De um lado, o signo.
De outro lado, o significado.
O paradoxo é o debate.
Arranha o papel a grafia,
da palavra escrita
Abortada da alma.
Escarrada do espírito
Em forma de pontuação,
Vírgula ou interrogação.
Aqui deitada
O mundo parece-me horizontal.
Deitado também.
Esperando o prognóstico da dor
Ou o diagnóstico da visão.
Que vê, mas não acredita.
Que toca, mas não dimensiona.
Que ouve, mas não entende.
Pois existem palavras inabaláveis.
Indecifráveis.
Enigma do enigma.
Enigma da interpretação
Da integração sombria
De uma consciência ativa
afogada num mar de
relatividades.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 25/07/2017