Dê-me uma gota,
que eu faço o orvalho.
Dê-me uma poesia,
que eu faço a tragédia.
Dê-me o horizonte,
que lhe darei o sol
sangrando ao final do dia...
Dê-me as estrelas
que lhe darei a lua inteira,
nova, minguante e crescente.
Dê-me os tons, semitons e bemol
Que lhe darei a música,
a ópera e o rock.
Dê-me o coração.
que lhe darei afetos,
desafetos.
Amores e ódios.
E, o pior a indiferença
que solidifaca em ironia.
Fina e pérfuro-contundente.
Dê-me o ar.
Leve e limpo
do alto das montanhas.
Que lhe darei a umidade dos
pântanos,
dos lamentos
e das injúrias.
E, das tristezas lacustres
suja de lama e exaustão.
Capaz de preencher
cântaros.
Dê-me a lição,
escrita no olhar,
regida pelo pulso,
embalada na melodia.
Que lhe darei o aprendizado,
Da força e da vertigem.
Da miragem à visão.
De lupa ou ilusão.
E dançarei de olhos fechados
dentro do labirinto.
E descubro de repente
que todos os
caminhos são certos.
Os passos são métricos.
As palavras são mágicas.
E o acaso é matemático.
Enquanto eu sou metafísica.
E a única salvação é
a poesia não rimada
dos dias e noites.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/07/2017
Alterado em 12/03/2018