A poesia complicada
despida de rima.
Lirismo embotado,
deprimido e arrependido.
O abismo se encolheu
diante de teus olhos.
Torvelhinho inútil.
A girar sobre a própria tontura.
A tropeçar na escada infinita.
Precisamos subir?
O paradoxo da metáfora ambulante
Que inerte, emigra da alma
para o espírito.
Não sinto nada.
Apenas pressinto.
Não amo.
Tenho afetos
como laivos de dor
imiscíveis.
A recordação é tortura
desvelada.
É significado ressuscitado
Não quero a memória
com borrões dourados.
Nem a purpurina barata
de fevereiro.
Efêmera e áspera.
Quero a dislogia poética
que interrompe tudo.
Que escava segredos.
Quero a disformia da mutação.
Que vive em contínuo ciclo.
Quero ser díspar e igual.
Quero ser sobrevivente enlutada
Quero ser heroína covarde
Que divaga sobre a guerra.
E esquece de vencê-la.
Somos a jaça dos símios.
Somos apenas a mácula.
O escambo possível
diante da ausência de luz.
A imaginação preenche ritos.
A curiosidade constrói mitos.
A poesia é a modorra
que nos faz abandonar a manada.
A poesia é a marcha
para escapar da iniquidade.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/04/2017
Alterado em 18/04/2017