Onde foi que falhamos?
No útero, antes mesmo de nascer?
Na alma ou na tabula rasa
naufragada em lirismo barato.
Onde foi que falhamos?
Em que momento o abismo me engoliu?
E o torvelinho fazia girar meus desejos.
Moia e remoia meus lampejos
Capazes de me acorrentar a você,
Ao sentido.
A velocidade.
Onde foi que falhamos?
Na palma mão que escreveu o gesto?
Na palavra malsã expelida
no momento de ódio.
Catases poéticas
sangrentas e infeccionadas.
Delírios tivemos.
Tropeços em ballet.
Gaguejos em forma de árias.
Tudo era teatral.
Espetáculo.
Complexo e indumentado.
De contemporaneidade fictícia.
Somos antigos.
Somos primitivos.
Somos medievais.
Onde foi que falhamos?
Persigo a ideia de que posso
consertar o tempo, o espaço
e ter finalmente algum alento
No túnel que me apresenta a luz...
E cega, pressinto a clareza.
Errei.
Engasguei.
Tropecei.
Depois sentada sobre a própria consciência
Embriaguei-me da realidade.
Sorvi as cores.
Os odores e sons.
Numa orquestração perfeita.
Harmônica.
Refiz a sinfonia do destino.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 12/04/2017