A palavra cala sem semântica.
A cabeça medeia um aceno.
Mas não aquiesce.
Tudo passa num horizonte distante.
Há estrelas que não vingam.
Há frutos que não amadurecem.
Há amores que abortam
a possibilidade de existir.
Meu corpo somatiza.
Meus sentimentos adoecem tudo.
Há dores súbitas.
Há palpitações.
Há a perna bamba num corpo teso.
Há uma tensão surda, muda mas intensa.
No gesto há um lirismo incrustrado.
Que chora toda dor do mundo.
Que lastima por passear no calabouço
Em torno do abismo
Há uma ótica hipnótica.
Histamínica...
Tudo gira sem epicentro
Tudo é dinâmico dentro da inércia.
Tudo é inerte dentro da dinâmica.
O movimento é imaginário.
O tempo é imaginário.
A convenção dos ponteiros.
A retidão dos marcos e referências.
E um fragmento de mapa ou discurso.
Saúda, os descobridores.
Os que se alavancaram ao mar.
Ao desconhecido.
E, pousaram serenos no improvável.
A palavra suspira.
Respira entre poros
impregnados de poética.
Sair do abstrato, se concluir concreta.
Deixar vestígios risíveis...
Um olhar,
Um gesto...
e uma rima absurda
que é subliminar
mas pode fazer todo sentido
quando você for desvendar...
Desvelar.
Desterrar.
No túmulo,
o enigma da morte.
Há mais narrativas num silêncio
e numa pausa
Que em todas as vírgulas lusitanas.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/04/2017