Confidente da lua
Ouvi suas lamúrias
Ouvi sobre sua paixão solar
Sobre os encontros nos eclipses
Na fugidia manhã
em que definitivamente se despediu.
Confidente da lua
Dispersa entre nuvens e ideias
Esboçava um sorriso
Pois perante o enigma e mistério
Pois perante o paradoxo e o horizonte
A perfazer a fronteira
entre o real e o futuro...
Entre o aqui e o depois.
Entre o que existe e o que se imagina.
Entre o ser e o estar.
Havia relógios, ponteiros e números.
Havia marcas, registros e indícios.
Havia pistas
Mas eram reticências de um lirismo
que não pode sobreviver.
Confidente dos desertos
Do silêncio profundo
Da palavra implícita e sagrada
Dos mantras
Dos cânticos
Das mágicas
Há no deserto
uma superpopulação de significados
Cada grão de areia narra seu testemunho
Dos ventos,
Dos aventureiros
E dos sobreviventes.
Confidente do sol
Na luz que enebria
Que cega e ilumina
Faz ver e oculta
o que somos,
o que temos
na brincadeira
de esconde-esconde
mostra lacunas,
carências e principalmente
a espreita de confidências
tangíveis,
rasteiras,
profundas
e verdadeiras.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/03/2017