Sei que muitos sentimentos são comuns
Humanos demasiadamente humanos
Não posso resistir a tanta identificação.
E no espelho diário de divergências
as convergências nos avizinham.
Sei que muitas de suas mensagens foram
flanando até o infinito
Ou ficaram criptografadas nos enigmas
cotidianos
Nas opções dolorosas que precisavam fazer.
Nos julgamentos cruéis que precisamos realizar.
O martelo é um açoite.
E, o açoite pode ser tudo que nos resta de civilidade.
Queria que você soubesse
Sei de sua irrealidade,
de ser um personagem
De ser integrante de um romance
lido na náufraga em modernidade líquida.
Onde os amores se diluem,
Onde são ácidos os ventos,
São ávidos os tempos
A devorar a engrenagem e sem permitir
as estações...
Estamos nos aproximando de outono
As folhas que caem se arremessam ao chão
de paradoxos
E as contradições definem mais
que as afirmações.
Aquele entreolhar
De palavras implícitas
De sentidos telepáticos.
De gestos empáticos
e enigmáticos.
O que revelo
e ao mesmo tempo escondo.
O que escondo.
e ao mesmo tempo revelo.
Na queda diária do tempo.
Na queda diária do senso.
Penso escrever-lhe um bilhete.
Você não lerá.
Você não existe.
Ou melhor existe no romance sólido
existente no fundo
de toda alma humana.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 16/03/2017