Sem estado
Não era sólido.
Não era líquido.
Não era gás
Era etérea imaginação.
Não projeta sombra
Não aqueça
Não esfrie.
Sua presença
entra pelos poros
E não se anuncia.
Se anuncia em brisa
No pólen da flor
Na gota de dor
Que escorre
discretamente a tragédia.
Entre dedos nervosos
Entre olhos atônitos.
Sem forna.
Não era côncavo.
Não era convexo.
Não era reflexo.
Nem reticências.
Não tinha tom.
Não tinha som.
E a margem de tudo
escorria para dentro do infinito.
No silêncio apalavrado
de segredos, rezas e
túmulos.
Sem estado
minha alma vaga,
flana
e adormece
nas arestas líricas
e em arenas mórbidas.
Morrem todos dias sonhos.
Nascem cada vez menos sonhos.
E, a esperança fugidia
É refém de um romantismo
prêt-à-porter.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 28/02/2017
Alterado em 01/03/2017