Somos todos mercadorias.
Nosso preço pode estar no afeto.
Pode estar no reflexo.
Pode estar dentro ou fora da alma.
Somos mercadorias circulantes.
Orbitantes em elipses
imperfeitas.
Esgueiramos sobre a linha
divisória entre o real e o imaginário.
Equilibramos paradoxos,
contradições e meia-verdades.
Qual é a sua moeda?
qual é o seu câmbio?
Pode ser um sorriso.
Pode ser simpatia,
pode ser religiosidade.
Pode ser a santidade do humano.
Ou a humanidade do santo.
Somos todos mercadorias.
E o mercado está repleto.
Está desregulado.
Está em profusão.
Líquido e escorrendo pelos ralos,
pelas lágrimas,
pelos poros...
E, principalmente pelas palavras.
Entre uma sílaba e outra.
Há uma pausa mágica.
Há uma semântica lógica.
Há uma metafísica única.
A poesia nossa de cada dia.
A perdoar nosso mercantilismo.
E a rimar simplesmente
com o cinismo.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 18/02/2017