Sem presente
Eis que não tenho flores para lhe dar
Amiga
tenho ombro puído...
tenho as esperanças paradoxais
tenho a fé dos estoicos
Meu olhar não é infante
Mas ainda vejo cores e flores
pelo caminho
Meu olhar não é de moça
Mas enfeito o jardim
na expectativa da primavera.
Eis que não tenho muito a lhe oferecer...
Minha amizade...
A chatice tradicional de quem pensa demais
de quem escreve demais
De quem briga com verbos, substantivos
e principalmente preposições.
Essas, sempre nos deixam a mesa...
sempre nos deixam a porta,
ao reluzir de candelabros
que teimam iluminar saudades.
Eis que não tenho
a alegria inexplicável
tenho a racionalidade
criativa...
as mãos prontas para obras
e a certeza de que
não desisti...
não abortei
não neguei ajuda
não ignorei
simplesmente...
Eis que não tenho
muita coisa
nem muito tempo
Minha pressão é alta.
Meu silêncio é tão profundo
quanto as palavras...
Mas sou amiga.
Sou-lhe grata
por ver-me qualidades.
E também os defeitos
E restituir-me todos os dias
A fé na humanidade.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 13/02/2017
Alterado em 13/02/2017