Seguro na mão o tempo
E as asas da imaginação
seguram as lembranças.
Seguro na mão o tempo
Nas rugas das mãos
envelhecidas pelas obras,
pelos gestos e pela
esperança que ainda existe.
Persiste em agarrar-se
às mãos
Seguro o tempo na delicadeza
do gesto.
Recebendo energias desconhecidas.
Conhecendo tempos inéditos.
Sentimentos escavados em ostras.
Pensamentos entalhados em marfim,
E meditação rasa.
Seguro o tempo nas mãos
com as mesmas mãos
que se erguem em preces,
em dons sobrenaturais,
em mantras sagrados
do silêncio a presenciar retilíneo
o outono de folhas,
a primavera de flores,
e a frieza rigorosa das estações.
Mãos que suplicam.
Mãos que constróem.
Mãos que acenam adeus.
Seguro tempo
que se esvai na ampulheta
Na misericórdia discreta
dos conselhos em sussurros
No olhar sombrio de despedida.
O hoje nunca mais voltará.
O ontem nunca mais se repetirá.
Viveremos o ineditismo cotidiano
Sem as forças renovadas
e mais próximos da morte.
Não é justo.
Quando não mais segurar o tempo
na palma das mãos...
Terei finalmente caminhado
de mãos dadas
com a eternidade.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 22/01/2017