O olhar era uma rajada cortante
As feridas sangravam
As palavras se exasperavam
O grito sufocado na garganta
se libertava em gemidos
O olhos ceifando minha alma
Corrompendo minhas razões
Deixando desespero e vestígio
O olhar profundo
De fundo de posso.
De escuridão sem luz,
sem cinzas, sem limiar
A estrela que aparecia no horizonte
zombava de meus medos.
E os pássaros da noite
anunciavam minha agonia
lenta, degradante e cruel.
O que haveria de mim, depois da dor?
O que haveria de mim, depois de você desaparecer?
O que sobraria de minha história,
sem o seu personagem...?
Repleto de fala, de enredo
e um contexto enebriante.
A taça de vinho não afogava
minhas dúvidas.
O tinto sangue que manchavam
as roupas
e as tardes de sol morrendo
tingiam de saudade
a minha recordação.
Hoje os olhos míopes
Não expressam
senão indiferença
E os borrões sem sentido
Dançam como numa coreografia
dadaísta.
Lá fora.
Os olhos alheios
são faróis de Alexandria.
Sem mostrar nenhum cais.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 15/01/2017
Alterado em 15/01/2017