Rezei o mantra em silêncio.
Senti a brisa acariciando-me
com a delicadeza das flores,
com a beleza das cores,
com a gentileza dos monges.
Permaneci estática.
Olhando os mistérios em desfile
Suas vestes, seus véus,
Suas máscaras e seus enigmas,
Decifráveis em paradoxos.
Contradições óbvias,
Contradições sub-reptícias,
Contradições espelhadas,
na encruzilhada de kharmas
O meu silêncio assustava você,
Meus olhos quase lânguidos,
Assustavam você,
O infinito e o improvável
assustavam você.
Você era o medo encarnado.
Sem ser vermelho.
Sem ser dinâmico.
Sem se reproduzir.
Ficava ali encolhido dentro
das próprias ideias.
Com o ego enlatado
na própria perplexidade.
Rezei o mantra novamente.
Chamando forças
Procurando razões para a palavra.
Elas não vieram.
Fui andando lentamente
Na esperança do verbo
me açoitar...
E, então,
passado algum tempo.
Tempo impreciso.
Tudo passou.
O silêncio.
A palavra e a existência.
Sobrou a vaga lembrança
sem sequer a saudade.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 08/01/2017