Tudo era azul
Ficou cinza
E foi se apagando aos poucos.
O lirismo incandescente
A rima sub-reptícia
A poesia binária
presa na sola do sapato
ou pregada nos quadros da parede.
Tudo era azul.
Você era azul.
Seus olhos mostravam um céu.
Sua boca mostrava um deus.
Suas mãos desenhavam a prosa
compreensível e arrebatadora
Tudo era azul
O sexo era azul
A falta de ar era azul
A asma, a pneumonia e, por fim,
os pulmões eram azuis
E levaram o poeta do planeta água
Para o triste enterro.
Para o fim de todos mortais.
Para a certeza da poesia
De rimas azuis em plena
tarde cinza.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 04/12/2016