Dualidades
Choro palavras,
fonemas murmurados.
Carcomidas dores
inexplicáveis.
Choro dualidades
do corpo e da alma.
do mundo da razão
e do mundo da emoção
Choro a temporalidade
meu corpo inscrito na caverna,
fantasio com as sombras
meu corpo quer o transitório,
fugaz... provisório...
a bailar na saudade nostálgica.
Mas almejamos o etéreo.
Mas desejamos o afeto,
o nó dos vínculos invisíveis,
a atenção especial de olhares,
a alma dialoga com o eterno
a alma confessa a verdade
nos umbrais da improbabilidade.
Somos linhas sensoriais
tecidas cuidadosamente
entre a animalidade e o espírito.
Somos então um lamento
um paradoxo vivente.
Somos uma ferida incurável
A metafísica da inequação.
Mas, nós queremos a igualdade.
Mas, nós negamos a realidade.
E tropeçamos pelos desvãos
Somos a falha esculpida pelo tempo,
torneada pela genética e
presenteada pelo acaso.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 23/11/2016
Alterado em 23/11/2016