A aritmética é feminina
O cálculo é masculino.
A intuição é feminina e animalesca
O pressentimento é masculino e viral.
Essa guerra de gênero
rompe minha humanidade...
Minhas dores,
minha consciência
meu sangue
é sem gênero
e nenhuma espécie.
Meu ser
vivo ou morto
é sem gênero
e sem esperança.
A direita é feminina
O esquerdo é masculino
O centro é egoista
E não escolhe lado nenhum
E fica a vontade
para seguir as circunstâncias.
A estatística é feminina.
O resultado é masculino.
A margem de erro é híbrida.
Transgênica.
Nasci de um jeito
Morro de outro.
E, assim, somos todos nós.
procuramos definir-se,
definhar-se,
delinear-se e
desenhar-se.
O carvão é masculino.
O desenho é masculino.
A arte é feminina.
Entrega-se ao carvão,
Flerta com o desenho
Mas acompanha a vida.
Viverá na ilha de Lesbos?
A traição é feminina.
A lealdade é feminina
O desdém é masculino.
Vivemos pulando entre os gêneros.
Entre escolhas óbvias.
Entre dores móveis.
Entre continentes abstratos
rodeados de mares etéreos
Misoginia explícita.
Hibridismo calcâneo.
Transfiguração poética.
O câncer é lírico.
Degenera células,
dá-lhe formas arrendondadas
e românticcas
como abóbodas celestes
formadas por mãos que pousadas
ousam orar.
GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/10/2016